Dia das Bruxas
Ecos do Além:
(Repertório de poemas e músicas relacionadas a morte)
1- O Pulso (Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Tony Bellotto)
2- Mistérios da meia noite (Zé Ramalho)
3- Chatertton (Serge Gainsbourg)
4- Romance das caveiras (Alvarenga / Ranchinho / Flavio Salles)
5- Rock das Caveiras (Bia Bedran)
6- O Drama de Angélica (Alvarenga e M. G. Barreto)
7- Amor Perfeito (Amado Batista)
Poemas de Augusto dos Anjos:
O Morcego:
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego!E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho...
...A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Caixão Fantástico:
Célere ia o caixão, e, nele, inclusas,
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego!E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho...
...A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Caixão Fantástico:
Célere ia o caixão, e, nele, inclusas,
Cinzas, caixas cranianas, cartilagens
Oriundas, como os sonhos dos selvagens,
De aberratórias abstrações abstrusas!
Nesse caixão iam, talvez as Musas,
Nesse caixão iam, talvez as Musas,
Talvez meu Pai! Hoffmânnicas visagens
Enchiam meu encéfalo de imagens
As mais contraditórias e confusas!
A energia monística do Mundo,
A energia monística do Mundo,
À meia-noite, penetrava fundo
No meu fenomenal cérebro cheio...
Era tarde! Fazia multo frio.
Era tarde! Fazia multo frio.
Na rua apenas o caixão sombrio
Ia continuando o seu passeio!
Versos a um coveiro:
Numerar sepulturas e carneiros,
Versos a um coveiro:
Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!...
...Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,
Porque, infinita como os próprios números
A tua conta não acaba mais!
Asa de corvo:
Asa de corvos carniceiros, asa
Asa de corvo:
Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro que, nos doze meses,
Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes
O telhado de nossa própria casa...
...É ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte - a costureira funerária -
Cose para o homem a última camisa!
Idealismo:
Idealismo:
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo...
...E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!
Outras apresentações da Cia. Estação Palco
Comentários
e por ontem, nas bruxas de todas as saléns possíveis...
vc se superam, a cada tapa.
beijo enorme
(aaah e sobre os quadros, eu comecei mesmo a fazer, já tenho um lindo pronto pra colocar no meu quarto...qnd é seu aniversário? posso te presentear!)