Teatro Quéchua e Renascimento Inca

Teatro Quéchua e Renascimento Inca:


"O teatro Quéchua colonial é parte de um vasto movimento social e cultural de revalorização do legado Inca e a da tradição andina. Este esforço é impulsionado pelas nobrezas indígenas coloniais, que procuravam entre o final do século XVII e todo o século XVIII, recuperar sua posição econômica e seu prestígio social. Esta renovada e fortalecida aristocracia andina, bilíngue e bicultural, educada em colégios para filho de caciques, ostenta com orgulho sua identidade e seu vínculo com o glorioso passado inca participando em importantes cerimônias vestidos com trajes incas, como podemos constatar em quadros da escola cuzquenha. Estas elites andinas, especialmente influentes em Cuzco, patrocinavam manifestações culturais como a pintura da escola cuzquenha, a elaboração de coros andinos e a representação de obras dramáticas em quéchua, configurando um autêntico renascimento inca.
O renascimento inca também constituiu um amplo processo social impulsionado pela revitalizada nobreza indígena colonial. Estes setores promoveram a elaboração y difusão de numerosos memoriais que denunciavam os abusos do sistema colonial e demandavam mudanças em sua estrutura; ao mesmo tempo, o crescente descontentamento, deu lugar ao longo do século XVIII a numerosas rebeliões onde a nobreza andina exerceu uma clara liderança. Diante da falta de êxito e protestos, um setor da aristocracia indígena percebeu as limitações do que se poderia denominar a faze reformista do renascimento inca e tomou a opção revolucionária. Sob a liderança de José Gabriel Condorcanqui, Tupac Amaru II, a grande rebelião abalou o vice-reinado peruano, mas foi finalmente derrotada e violentamente reprimida. 
As expressões artísticas do renascimento inca evidenciaram a combinação da cultura andina com a espanhola, dando lugar ao Mestiço. Seguindo padrões barrocos, podemos falar hoje de um barroco andino e um barroco mestiço. O teatro quéchua colonial, reuniu componentes andinos e ocidentais: São obras escritas em quéchua, que recorrem aspectos da cosmovisão andina, mas que seguem modelos literários e em especial dramáticos do barroco espanhol, no que diz respeito a: tipos de verso, uso de rima, recursos retóricos, gêneros do tipo auto sacramental e comédia, sobre uma clara influencia de Calderón de La Barca."

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